31 de março de 2014

É o caos...

Não consigo escrever muito. Desculpem. Não tem sido fácil. Espero, em breve, contar o que foram estas últimas semanas. Uma coisa vos digo: a prova só lhe pode correr muito bem.

... Porque nas últimas semanas tem corrido tudo mal...








30 de março de 2014

Lisboa, Lisboa

Já não consigo meter mais areia na minha furgoneta e por isso este sábado fiz um treino completamente diferente. Aproveitando o facto do meu filho ter uma festa de aniversário no Estádio 1º de Maio optei por realizar o meu treino em plena cidade de Lisboa. E que percurso? Fácil, o percurso da prova 1º de Maio.

Av. do Brasil 

Av. 5 de Outubro 

Av. Fontes Pereira de Melo 

Av. Fontes Pereira de Melo 

Av. Fontes Pereira de Melo 

Av. Almirante Reis

Alameda D. Afonso Henriques

Av. Guerra Junqueiro 

Praça de Londres
 
 
 
Este é um percurso muito citadino, com alguns defeitos - alguns tubos de escape, os cruzamentos com sinal vermelho para peões, os idosos nos passeios que teimam em não dar um jeitinho, etc. - mas é também um percurso muito interessante. Quem vive ou trabalha no centro de Lisboa não tem tempo para apreciar a beleza desta cidade.
 
Quem nunca o fez - e aqui tanto vale para Lisboa, Porto, Coimbra ou outra cidade qualquer - lanço daqui o desafio: experimentem! Saiam de casa, tracem um percurso, de preferência pelas principais artérias da cidade, levem uma máquina fotográfica e desfrutem a vossa cidade. Por uma vez, fujam dos parques das cidades, da beira-rio, das matas. Enfiem-se no caos citadino! Uma coisa vos prometo: é um treino diferente! Podem gostar ou não.  Mas não fiquem sem saber...
 
Boa semana!


24 de março de 2014

II Trail da Pampilhosa da Serra - Altimetria



A Xistarca acaba de anunciar na sua página do Facebook. 

Lá diz o povo: tudo o que sobe, desce. E não se queixem, não é muito mau. Até é acessível. Basta levar um gel para tomar ali perto do km17 e pronto. Está feito.

Marquem na agenda: dia 1 de Junho às... Bom, nem digo as horas porque tenho esperança que a hora seja outra da já anunciada.

Mais tarde volto a falar deste assunto. Para que não se esqueçam, sim?

Só para fim de conversa...

... É só mais esta e não volto a falar do assunto. Anna Frost, outra senhora que corre p'ra lá de rápido corre de... VESTIDO! 

Quem lhe quiser pedir um autógrafo é simples: basta dar um saltinho até aos Açores e participar na prova Azores Trail Run. Terão a oportunidade de correr ao lado desta grande senhora do mundo do trail. Correr ao lado... Enfim, é como quem diz, deve ser mais atrás!!






Entendidos quanto às saias e vestidos? Fim de conversa.

19 de março de 2014

Gosto disto!

Mais um cartaz com uma pinta do caraças!! A começar pelo nome, sem peneiras e bem português!! Grande Trail das Lavadeiras! Não optaram pelo, como se diz nos States, The Big Trail of Washer-Women!

Gosto disto! Colocaria este cartaz, a par do cartaz do Hard Trail da Padela no pódio, ex aequo no 1º lugar.



Neste, adoro o pormenor da cuequinha do tempo da avó! A minha avó usava cuecas destas, pelo menos costumavam estar penduradas no estendal. E os tanques lá atrás? A minha avó alentejana tinha um e eu fartei-me de brincar nesse tanque. Abria a torneira e ficava horas com as mãos debaixo d'água... Cá na cidade a minha mãe nunca me deixava fazer isso, porque podia adoecer. A minha avó deixava tudo!

Lembro-me de um dia, com uns quatro anitos, ver uns patos num lago. Para mim pintos e patos eram a mesma coisa. Eram parecidos. E se uns nadavam os outros também. A minha avó não tinha patos, mas tinha pintos. Vai daí... Enchi o tanque de água, agarrei em três pintos e enfiei os desgraçados lá dentro para os ver nadar. Chamei a minha avó para ver: "o pinto a nadaí, anda vó, o pinto tá a nadaí"... Quando a minha avó chegou já era tarde. Tinham falecido. :)

O trail faz-me sempre regressar às minhas origens... De uma forma ou de outra, volto lá sempre.

17 de março de 2014

Continuamos a meter areia (e kms nas pernas)

Sexta-feira à noite fomos até à Costa da Caparica fazer um treino nocturno. Simplesmente para ele testar o equipamento à noite e ter a percepção de correr no escuro. Convém perceber o que acontece quando se corre horas a fio no escuro, sozinho, apenas com um frontal colado à testa e com os tais quilos colados às costas. Uma das etapas da MDS, de tão longa que é (creio que cerca de 80 kms), implica correr uma noite no deserto.

Deixei-o ir sozinho. Não era conveniente levar companhia. Fiquei-me pelo calçadão da Costa: fiz quatro piscinas (termo utilizado para dizer: andei para trás e para a frente) o que deu um total de 8km. Foi um treino muito bom, porque a noite estava fantástica: temperatura amena, corri apenas de t-shirt, sem vento e poucas pessoas.






A escolha da mochila revelou-se, até ver, uma má escolha. O que o preocupa pois a mochila é, a par dos ténis, o acessório mais importante. Tem a ver com umas fitas que apertam à frente e que se desapertam e magoam. 

Os ténis. Ainda não tinha falado nos ténis. Os eleitos são uns New Balance Leadville. Depois de usar tanta marca (Asics, Adidas, Salomon, Saucony...), os eleitos foram estes New Balance e é com eles que tem feito os treinos na areia e até agora está satisfeito.

Estes ténis foram entretanto alvo de uma 'cirurgia'. Levou-os ao sapateiro para coser uma fita em velcro em todo o redor. Ficaram assim:

 
 Até me doi o coração...


E para quê? Para colocar estas polainas. As polainas da própria MDS, especificamente concebidas para esta prova.




Domingo é dia de treino longuíssimo! Desta vez não o acompanhei. Preferi ficar a tomar banhos de sol. Faz parte do treino para Chamonix, é que com aquela altitude, tenho de adaptar a minha pele sensível aos raios de sol durante várias horas de prova! (Vais no bom caminho, vais, vais...)

Bom, isto quer dizer que este fim-de-semana não fiz o meu treino longo. E durante a semana treinei apenas duas vezes. Pouco. Muito pouco. Mas nesta recta final está a ser difícil conciliar os meus treinos com os dele. E eu prometi e assumi que os treinos dele teriam prioridade sobre os meus. A partir de Abril, depois de ele regressar, então aí sim. A prioridade serei eu. Já não terei mais desculpas para a preguicite aguda.

O percurso foi Meco-Fonte da Telha-Meco. Desta vez levou outra mochila (quem tem amigos tem tudo e um grande amigo emprestou-lhe uma mochila, que apesar de ter menor capacidade de armazenamento de água revelou-se mais confortável que a dele). Este treino terminou ao fim de 3h45m, mas deveria ter sido de 4h. Mas não deu mais... Ontem foi um daqueles dias, sabem?... E os seus olhos diziam isso. Assim que parou largou tudo na areia e meteu-se no mar.

 
Estes treinos em quase tudo são idênticos às etapas da MDS, excepção feita à temperatura, à humidade, ao peso da mochila, aos banhos de mar com possibilidade de reflexão...


Aos abraços da família no final de cada etapa... 



E a imagens destas que nos enchem a alma...

 

Mas de resto é quase igual...

 

14 de março de 2014

Toma e vai buscar!



Esta foto é dedicada a todos os 'trail-runners-macho-men' que já me perguntaram com sorriso de esguelha (e já foram alguns!): "Também fazes trail de saias???"

Se ela pode, eu também posso!

[A propósito, esta é a tal senhora que se chama Fernanda Maciel. Não sabem? Googlem!]


11 de março de 2014

Fins de semana são dias de longões e apertões


Chega o fim de semana e chegam os dias de fazer treinos longos. Sábado nem por isso, faz-se um treino normal, apenas uma hora. Mas a verdade é que no sábado, para ele, foi um dia difícil. As dores voltaram em força. Esta lesão tem sido como que um carrossel: ora melhora, e ele fica entusiasmado, ora piora, e ele desanima. Ele e eu. Que o vejo preocupado e apreensivo caso esta dor não dê tréguas.

Da minha parte, as coisas também não estão a 100%. Vira que não vira lá me começa também a doer a planta do pé esquerdo. Faço gelo, massajo com bola de golfe... E assim vamos andando... Dois coxos a tentar fazer o impossível. 

Domingo foi o primeiro treino em modo MDS: há que testar equipamento, há que adaptar o corpo ao terreno, há que correr carregado com 8kg e tudo isto... Durante quatro horas!

Ele levou tudo (quase) como se fosse fazer uma etapa da MDS. A mochila ia bem carregada, até a garrafa de água na parte da frente e os cantis frontais iam bem cheios. Até convém para contrabalançar o peso nas costas.

O equipamento também foi testado: desde o chapéu, aos calções e t-shirt, óculos, acabando nos ténis, meias e polainas. Tudo.




Prontinho para seguir viagem

E eu? Aproveitei a boleia e pensei: "correr na areia não me fará mal nenhum, bem pelo contrário. Será um treino duro. E é disso que eu preciso". Mas só vos digo: correr na areia não é p'ra meninas!! Epá, ia sendo o fim do mundo. Nunca tinha feito um treino na areia. Mas depois deste tenho a sensação reforçada de que não é mesmo nada fácil. 





Andou neste vai-vém durante quatro horas

A MDS, até do ponto de vista 'logístico' é desgastante: é muito pormenor para organizar, é muito detalhe para pensar. Chega a ser tão cansativo prepará-la quanto corrê-la. Acreditem.

Para terem uma ideia, desde a semana passada, o Paul Michel, todas as noites esfrega os pés com limão. Deixa secar e depois barra-os com creme gordo. Diz que é para criar uma espécie de protecção para o pé se adaptar melhor e resistir à fricção. Todas as noites este ritual.

Outro pormenor:  maioria dos problemas de saúde dos corredores durante a MDS estão relacionados com os pés. Geralmente são bolhas. Também já tem no seu kit de sobrevivência uma seringa e Betadine para furar e tratar bolhas, pois caso tenha de pedir assistência médica é penalizado. Sabiam? Enfim, esta prova é bastante complicada! Eu diria, hoje, que não é prova para mim! E olhem que já sonhei em fazê-la. Mas depois de ver o treino do Paul Michel, depois de ver a estratégia, depois de ver a logística... Até contas de cabeça o homem faz... Com o peso, com as calorias, com os materiais... Tudo entra na equação.

Comentei com ele: se algum dia for fazer esta prova tens de ir comigo para me organizares. A mim já me basta correr quanto mais pensar em tudo o resto.

Outro aspecto que preocupa é a desidratação, ainda mais numa prova que se realiza em ambiente quente e árido, como o deserto. Segundo a organização da MDS, a perda de sal através do suor pode chegar a 15gr. por dia.

Como repor? Pela alimentação? É pouco. Sugerem então que os atletas adicionem sal à água que consomem durante a prova (entre 1 a 3gr. de sal por litro de água). Para avaliar o estado de hidratação alertam para os principais sinais: o rendimento físico (que será um primeiro sinal) mas também à quantidade e cor da urina.









Para a semana há mais. Estamos a menos de um mês da prova. Ele vai eu fico. Ele vai correr e eu vou ficar a ver. Várias pessoas me perguntam, sem terem noção de que prova estamos a falar: "mas tu não vais? Nem podes ir lá vê-lo?"

Fica a explicação da organização: "because of the nature of the marathon's rules and its location (i.e., food self-sufficiency, desert, security), runner's supporters cannot access the event".

Etapa a etapa, à distância de um clique, irei acompanhar a chegada à meta. E todos os dias irei dizer aos meus filhos que o pai já chegou e que amanhã fará outra etapa. Assim... Sucessivamente durante sete dias seguidos.

7 de março de 2014

Home sweet home

A casa dos portugueses na Marathon des Sables: zona verde clara, da tenda 81 à 88.

Ficam com os espanhóis, angolanos, brasileiros, chilenos, cipriotas, colombianos, equatorianos e mexicanos.

Isto significa que a giraça da Fernanda Maciel (brasileira) vai ficar a dormir perto do meu homem! MEDO! :)




3 de março de 2014

20km+1 Cascais - Inédita


02h14m03s de prova.

Para mim foi inédita, não pelo quilómetro a mais, mas porque consegui sorrir genuinamente aos meus filhos que me esperavam próximo da linha de chegada. Estava bem, sentia-me bem e por isso não foi difícil expressar a minha felicidade.

Também foi inédita porque, depois de cortar a meta, o meu filho diz-me, com ar infeliz:

"Ó mãe, não chegaste em primeiro!!"

"Pois não, meu querido, convence-te que a tua mãe corre pouco..."

 ...

Apesar dos constantes avisos que a mãe não iria ganhar a prova, fica sempre a esperança que a mãe vai dar tudo-por-tudo e no final até pode ganhar. Ela vai correr tanto que vai conseguir ultrapassar tudo e todos e vai conseguir ganhar. Era isto que norteava aquela cabecinha de sete anos.

Mas, eis senão quando começam a chegar os primeiros atletas e... Não! Não é a minha mãe que vem lá...

Sempre pautei a educação dos meus filhos por valores e princípios universais: o respeito, a liberdade, o rigor, a verdade, etc.. Julgo que todos os pais assim o fazem, ou pelo menos assim tentam. Sempre lhes disse para darem o seu melhor e para serem os melhores. Mas NUNCA lhes pedi para serem os primeiros.

Ser o melhor é competir consigo mesmo e ser honesto no que se faz. É fazer na vez seguinte, se possível, melhor que na vez anterior. Nunca os eduquei excessivamente para a competição. Competir é saudável, claro, mas o primeiro adversário somos nós.

Elogio-os sempre mesmo que tenham um resultado satisfatório. E ressalvo que para a próxima terão de dar um bocadinho mais, para alcançarem um resultado mais ambicioso. Só lhes ralho se esse resultado, menos positivo, for fruto de preguiça ou de falta de trabalho.

Sempre lhes disse que aquilo que a mãe conseguiu é, acima de tudo, fruto de muito trabalho. E isso eu exijo deles: trabalho. Tal como a mãe só conseguirá terminar provas se trabalhar, neste caso, se treinar.

Dou-lhes muitas vezes os exemplos das corridas. Dou-lhes o meu exemplo, dizendo que tento dar sempre o meu melhor, desde que esse melhor não ponha em risco nada (eu, a minha saúde) nem ninguém. 

E mesmo dando sempre o meu melhor numa corrida sei que nunca serei a primeira! Mas não é por isso que deixo de trabalhar e treinar!

E mesmo nunca sendo a primeira isso não faz de mim pior corredora.

[Acreditem que isto é difícil de entender para uma criança de sete anos.]

Boas corridas!