29 de junho de 2015

Cortina Trail 2015

Um contra relógio. Uma prova de nervos.

Já fui última em prova, mas nunca lutei contra um relógio. Foi à unha: 11h42m13s. Tinha 12h para acabar a prova ("ohhhh... 12 horas?? Tempo de sobra! - pensei eu).

Vamos começar pelo início? Ou pelo fim? Nem sei.

Posso começar já por vos dizer que entre esta prova e a OCC, venha a Anabela e escolha! A OCC estará sempre no meu coração por ter sido a minha primeira ultra. Bonita, encantadora e com paisagens lindíssimas. Mas esta… Cortina trail manda-nos ao inferno, ri-se de nós enquanto lá estamos e depressa nos devolve ao paraíso.

Foi a prova mais dura que fiz até hoje. Castigou-me, tanto quanto a Transgrancanária, mas depressa voltava a ser minha amiga. Tão depressa me dava um raspanete (“ai treinaste pouco? Então agora toma lá esta subida!”) como me afagava a cabeça (“vá… Corre por aí menina… Mas não te distraias com as vacas, nem com os rios, nem com as pedras… Vá, diverte-te lá um bocado”).

Pode parecer até tosco, mas nunca a montanha falou comigo como esta me sussurrou ao ouvido. Ouvi-a várias vezes, acreditem. Ouvi vozes, ouvi o vento, ouvi trovoada. Fui recebendo vários recados, fiz várias reflexões. Foi a prova onde mais aprendi e onde mais me conheci. Enfrentei as quatro estações: apanhei um escaldão nos ombros e cheguei a tremer de frio e de medo. Sim, de medo. Pela primeira vez tive medo.

Mas, em momentos diferentes, e em cada passo que dava pensava em como era uma privilegiada em estar ali. O serpentear na montanha permitia-me ver postais que se vendem nos variados quiosques dos centros das cidades. Os Dolomitis são a puta da loucura.

E quando chego à puta da meta, deixo de ouvir vento e trovoada. Só oiço a voz do speaker:

Anabela de Portogallo!! Brava!! Ten minutes before ending…

Por dez minutos quase que morria na praia. Ou melhor, morria na montanha.

Deixem-me recuperar para vos contar o que foi a MAIOR aventura da minha vida.


Até já!




23 de junho de 2015

Santo António é tuga!!!


Mas vai até Itália pendurado ao pescoço de uma portuguesa.

Sou uma mulher de fé. E é com muita fé que lá vou.


Muito obrigada a todos quanto aqui estiveram. Perdoem-me a ausência. Por vezes é incontornável. Prometo virar este capítulo e voltar à luta.

Até já!

Para seguir a prova, ver link abaixo. O Paul Michel começa sexta-feira às 23h eu começo sábado às 8h. Com um pouco de sorte e se ele estiver muit'á forte ainda me apanha na meta! Era giro...

http://www.ultratrail.it/en/

12 de junho de 2015

Cortina Trail 2015

Faltam 15 dias. E é isto que me espera. 

Já fiz pior, mas também estava melhor. Bem melhor.




Até breve.

4 de junho de 2015

Relato da miúda maldisposta e que está com a telha

Então e perguntam vocês, e muito bem, como vão andando os treinos para Cortina?

“Mal.”

Então e porquê?

“Porque tenho treinado pouco.”

Mas treinas pouco porque não tens tempo, estás lesionada?

Não estou lesionada. Ando cansada e não me apetece treinar muito. Só poucochinho.

Mas não andavas tão entusiasmada com o ginásio e com o levantar às seis da manhã e coiso?...

Pois andava. E ando. Mas só consigo fazê-lo uma vez por semana. E isso é pouco.

Humm… Então e agora? Como é que vai ser em Cortina?

Vai ser… Vou fazer a prova com as armas que tenho, que são poucas, mas darei o meu melhor e pretendo terminar a prova, nem que seja em último lugar.

Significa que em Cortina vais estar a meio gás?

Não, não vou estar a meio gás. Vou estar a 1/3 de gás…

Este ano a coisa não te anda a correr bem, pois não? Cada desafio, cada minhoca?

É. Nem sempre as coisas correm como planeamos. Do ponto de vista desportivo, 2015 é um ano búúúúúúú… Nada aconteceu de especial nesta minha vida de corredora. Mas há que dar a volta e seguir em frente. Tenho seguido em frente com algumas limitações de tempo, treino e disponibilidade mental. Mas não desisto. Faço o meu percurso que, tal como numa ultra, é de forma lenta e com subidas e descidas.

Certo, isso é tudo muito bonito, mas não passas da cêpa-torta, tens noção?

Tenho. E então? Têm alguma sugestão prática? Não? Então calem-se e enfiem a viola no saco! Já estou cheia de vos ouvir.

Ok, ok! Não te enerves. E planos para depois de Cortina?

Em setembro tenho outro grande desafio, que ainda não vos tinha contado, para o qual tenho de estar à altura. Porque aí se falhar, alguém pode falhar também…

Conta, conta conta?!...

Vou dar apoio ao Paul Michel nas suas primeiras cem milhas no Le Grand Raid des Pyrénées. Terei de andar perto de dois dias de abastecimento em abastecimento a apoiá-lo com comida, roupa, festinhas na cabeça, palmadinhas nas costas, palavras inspiradoras…

É isto.

Xinapá, grande aventura essa… E vais aguentar dois dias sem dormir, de carro, sozinha?...

Vou fazer esse grande sacrifício porque em troca ele disse que me oferecia um presente.

Hum, então e onde é que cabe aí essa cena que tanto se fala que é o espírito do trail e entreajuda e tal?...


Epá, espero que caiba dentro do presente. Espero que seja graaaaande! Tipo, uma carteira Prada.

Inté!