1 de outubro de 2013

Serra D'Arga 2013 - Capítulo II


O Grande Trail Serra D'Arga teve o seu início na 6ª feira, com as chamadas Jornadas Técnicas. O programa deste 1º dia era bastante atractivo. Na minha opinião, estes eventos ganham muito em ter estes momentos de partilha e ensinamento com pergunta-resposta. Aprende-se imenso e ficamos a saber alguns detalhes e curiosidades sobre as provas ou sobre os atletas. Foi o que aconteceu.

Após um atraso de 45 minutos (!!!) as jornadas técnicas começaram. Sobre isto apenas gostaria de realçar que a organização da prova deveria ter tido mais atenção ao horário de início dos trabalhos: 45 minutos de atraso é muito! As jornadas deveriam ter começado às 20h e começaram quase às 21h. Para quem no outro dia teria de estar na linha de partida às 8h... Com este atraso deveriam ainda ter alterado o programa e começar pela "Ficha Técnica do Grande Trail Serra D'Arga". Isso sim era informação muito importante para os participantes. Depois disto, cada um ficaria para ouvir os intervenientes caso o entendesse fazer. Fica aqui o reparo.

 Nas Jornadas Técnicas: Anna Island, Peter Days, eu, Paul Michel e Babe

 Srs. Organizadores de provas: para quando um escalão 'Veteranas I Super-Bem Dispostas'?
Não haveria quem nos arrancasse do pódio...

Quanto ao conteúdo das Jornadas, este não poderia ser mais interessante. A intervenção do Dr. Pedro Amorim foi muito boa. Com uma linguagem técnica (=médica) q.b. foi possível aprender imenso sobre treino em altitude. Ficámos a saber como é que o Sá treina, porque é que os quenianos são melhores que nós, que equipamentos existem para treinar altitude no quintal lá de casa, que podemos dormir (acompanhados!!) dentro de uma tenda hipobárica... Tudo isto muito bem ilustrado com a experiência do Sá no Aconcágua e no Vale da Morte.

 Dr. Pedro Amorim e Carlos Sá

 
A tenda hipobárica, segundo percebi, liberta pouco oxigénio, o que obriga o nosso organismo a produzir mais glóbulos vermelhos e são estes que contribuem para uma melhoria da performance. Segundo o Dr. Pedro Amorim, este tipo de equipamento é muito importante para atletas como o Sá pois permite a democratização da altitude! Gostei desta expressão...

O Dr. Pedro Amorim, além de médico, é também ultra-maratonista, e por isso consegue dar um testemunho muito válido sob perspectivas distintas mas complementares entre si. E por isso, e porque também é um excelente orador, gostei muito de ouvi-lo.

O Carlos Sá deu-nos o seu testemunho habitual, com a humildade habitual e onde nos quer habituar a uma das suas frases favoritas. E insiste em que acreditemos nela: "se eu consigo, tu também podes..."

Não, Carlos Sá, estás enganado, filho! Acho que não é bem assim. Tu és uma caso à parte. Há no mundo pessoas "diferentes", com características especiais, com uma áurea, talvez... E tu és uma delas. Depois de ouvir, com detalhe, o Dr. Pedro Amorim a relatar o desafio Aconcágua... Não me lixes, pá! Tu consegues e pronto! Ficamos por aqui, ok? The end!

Previa-se a participação de Miguel Capó que faria uma apresentação sobre a Marathon des Sables, mas que por motivo de lesão não compareceu ao evento. Em sua substituição tivemos a nossa querida Analice que agradeceu a todos que tornaram possível a concretização do seu sonho: justamente a participação na Marathon des Sables. Trouxe ainda a sua medalha que orgulhosamente colocou ao pescoço.



 Não menos importante foi também a intervenção da Associação de Trail Running de Portugal (ATRP) onde foi possível ficar a conhecer qual a sua missão, que "batalhas" enfrentam na conquista do reconhecimento do trail enquanto modalidade olímpica, por exemplo, e as vantagens em se ser associado. Destaco desta intervenção a definição de trail da ATRP:


[Na minha modesta opinião esta definição poderia ser melhorada, pois está confusa e longa. Por exemplo, poder-se-ia retirar a expressão: "a realizar de dia ou durante a noite" Então? Se não for de dia ou de noite é quando? Não acrescenta nada. A parte final ficaria melhor com a seguinte redação: ... em percurso devidamente balizado e marcado, sempre em respeito pela ética desportiva e meio ambiente orientada por valores de lealdade e solidariedade. Fica a dica].

Como já referi, e pelo adiantado da hora, abandonámos as Jornadas pelas 22h e fomos jantar.

 Pumba!


Quando me deitei na cama, já perto da meia-noite, as últimas palavras que ouvi nas Jornadas Técnicas pela boca do Dr. Pedro Amorim ecoavam na minha cabeça: Chamo a atenção a todos os participantes que o Grande Trail da Serra D'Arga está classificado como 'muito difícil'... (Isto inclui: distância, desnível e tecnicidade do terreno).

Está bem...


(Continua)

10 comentários:

  1. Eu acredito que a Anabela consegue! Acho que quando uma pessoa sonha e luta por esse sonho ele é atingido... Fala a pessoa que não corria e detestava correr... Beijinhos

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    1. Também pertenço a esse "clube", Sílvio. Também achava que correr era para gente tonta, havia coisas, mesmo na área do desporto, mais interessantes para fazer. E hoje sonho com os 45km de Serra D'Arga... Conclusão: agora sou eu a tonta!! ;)
      Beijinhos

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  2. É verdade que existem pessoas que nasceram com capacidades para serem do outro "mundo"!!
    Mas eu quero acreditar que também é tudo uma questão de treino, força de vontade, e disponibilidade. Quero mesmo "acarditar"! ihih
    Vá temos que ter alguma fé nesta vida :)
    Bom mas também temos de ter algum bom senso não é verdade. Se criarmos sonhos mais ou menos concretizáveis e nos esforçarmos neles eu acho que esses pelo menos conseguimos, e se depois desses vierem mais e mais, a coisa vai-se formando tipo bola de neve e pimba um dia quem sabe também estamos num pódio qualquer a exibir a nossa medalha! Quem sabe :) Sonhar não custa ahah

    Venham mais capítulos Anabela.

    P.S - Essa travessa é um atentado á minha dieta!!! :P

    Beijinhos*

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    1. Percebeste muito bem onde queria chegar. É claro que com trabalho, uns mais outros menos, poderemos atingir os nossos objetivos e sonhos. Mas há pessoas "diferentes", há pessoas que têm um talento natural para a coisa. Parece que nasceram com um dom... Eu, por exemplo, não acho que tenha um dom para nada. Ou então ainda não o descobri! :) Faço muitas coisas bem, mas todas fruto de trabalho. É assim... :)
      Beijinhos

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  3. Antes de uma prova deste calibre não se impunha um jantar de "pasta"??

    P.S: Que saudades que eu tenho de batatas fritas!!!!!

    Fernando Varela

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    1. Impunha, sim, Fernando! Mas o adiantado da hora já não nos permitiu procurar um restaurante italiano em Caminha!
      E eu também tinha taaaantas saudades de batatas fritas! Comemos a pensar: "isto amanhã derrete tudo!" :)

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  4. Ó Anabela, num outro blogue que descreve o GTSA escrevi que ia deixar de ler textos sobre isto, pois ainda corro o risco de morrer de inveja.
    Tens razão quando dizes que alguns tem um dom...mas a mensagem do Sá é para todos, com ou sem dom....sonhar coisas possíveis claro, difíceis mas sem perder a noção da realidade e depois lutar por elas....o teu novo sonho (chamemos-lhe assim) é acabar os 45km do GTSA...difícil? Sem dúvida....Impossível? Não!!! É preciso um dom para acabar o GTSA? Não, é preciso querer muito e fazer pela vida.....se me disseres, ganhar um GTSA...isso sim, já é mais pró impossível, é mais para gente que tem o tal dom...mas acredito que ao atingir um sonho, o grau de satisfação e os sentimentos serão iguais nos dois casos.
    Vamos sonhando e lutando, sempre dentro da realidade ... pronto, um bocadinho além disso :)
    Beijinhos e manda lá a parte III, que se lixe, se é para me roer de inveja que assim seja porra...

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    1. Carlos, mas a mensagem é essa (possivelmente expliquei-me mal). Tudo é relativo nesta vida. Aquilo que para mim poderá ser um sonho, para outros é uma brincadeira. Dou-te este exemplo. Li, há poucos dias no facebook de um participante (de alto calibre, se me entendes) qualquer coisa do género sobre o GTSA: "aquilo foi mesmo divertido, parecia o Slide & Splash"...
      Ok, aquilo que para uns foi de morte, para outros foi divertido... E é isso, cada um à sua escala e medida.
      O que quero dizer do Sá é que acho mesmo que ele é "paranormal". Consegue feitos extraordinários em alta montanha, em deserto e recentemente em asfalto! Quantos ultramaratonistas no mundo são assim? Conhecemos muitos e também muito bons, mas tão "ecléticos" quanto ele... Acho que não há nenhum.
      Abracinho e espera pelo capítulo III para roeres as unhas! :)

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    2. Não te explicaste nada mal....aqui a cabecita do Carlitos é que às vezes....rapazola da aldeia, sabes como é :D...mas isso tb não interessa nada....
      É claro que o Sá é "paranormal"....e sim, ele é "esqueléctico" sim senhora :)...encontrei-o na meia do Porto, tirei uma foto com ele e fiquei admirado de tão magro que ele é...(pele, osso e fibra)...como eu :D
      Beijinhos......já nem unhas tenho...

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