28 de fevereiro de 2014

Dorsal 1113


O Paul Michel já tem dorsal. Anotem: 1113

Pela primeira vez o miúdo ficou com os olhos vidrados... O impacto do dorsal é assim como que uma primeira certificação! Uma primeira conquista. Agora só falta fazer a prova!

Teremos mais cinco ilustres portugueses, entre eles um tal de Carlos Sá. :)

25 de fevereiro de 2014

Snow Trail Camp com Armando Teixeira



A Serra da Estrela estava linda. Muita neve, algum frio, mas o sol abrilhantou quase todo o fim-de-semana do Trail Camp. Apenas no sábado de manhã a chuva intensa quis marcar a sua presença o que levou, e bem, a alterações de última hora. O treino previsto para a parte da manhã realizou-se à tarde e esta foi uma decisão acertada, pois assim foi possível desfrutar dos encantos daquela serra repleta de neve. Sem vento lá seguimos serra abaixo e serra acima. Em alguns momentos até crianças fomos ao deslizar pela neve de rabo colado ao chão.

 
 A família


Onde está a Wally?

Começou assim



Desta vez, a minha experiência neste Trail Camp ensinou-me ainda mais o que é andar na montanha e o respeito que devemos ter por ela. Desde o último Trail Camp que já sabia que mesmo fora da época de inverno a montanha pode ser traiçoeira: ora está um sol esplendoroso ora, de repente, baixa um nevoeiro intenso ou levanta-se vento que nos pode deixar em maus lençóis. Os constantes avisos, por parte da organização, em ter a roupa adequada, em levar na mochila todo o equipamento necessário, ainda que esta fique pesada, foi essencial para que não se tivesse registado nenhum contratempo. Não vale a pena abdicar do peso do corta-vento ou do impermeável pois estes podem vir a ser essenciais.

 Visibilidade reduzida.

 Sempre em fila, bem juntos uns aos outros.


Mais uma vez o espírito que se gerou, de companheirismo, de entreajuda, de ensinamentos foi a tónica dominante. Aprendi com quase todos. Grande parte dos participantes trata a montanha por TU, o que me transmitiu muita segurança em seguir naquela aventura com aquele grupo. As conversas, as piadas, os conselhos, as fotos, as bolas de neve e as filmagens foram uma constante que me ajudaram a ultrapassar aquela “luta” entre mim e a neve.


Nunca tinha corrido na neve. No primeiro dia posso arriscar que 90% do percurso foi feito em neve. Mas afinal de contas aquilo era um Snow Trail Camp, por isso era para correr na neve. E em alguns momentos com neve pelo joelho, onde as minhas curtas pernas se enterravam e me dificultavam a progressão. As quedas foram uma constante, mas mesmo estas tinham a sua graça.


Tu vás tomber, hã!!


O que queria deste Trail Camp era, acima de tudo, correr em altitude, a neve seria um ‘plus’. Mas, mais uma vez, aqui a ‘city girl’ não passou com distinção. O primeiro dia foi uma réplica do meu primeiro dia no anterior Trail Camp. Depois dos jipes nos deixarem começámos a correr. E não foi preciso muito mais do que dez minutos para começar a ficar nauseada. Não tive tonturas nem dores de cabeça, apenas nauseada. Rapidamente assumi o controlo da cauda do grupo. Todos corriam à minha frente. Todos, excepto o último elemento da organização que fechava o grupo.

Desta vez a rifa saiu ao Cláudio Quelhas, foi ele o elemento privilegiado que, de dez em dez minutos, me via debruçada sobre os joelhos a tentar vomitar. Só vomitei uma vez, às escondidas, e foi pouquinho (acho que ele nem viu), mas serviu para ficar mais aliviada. Dedos na goela e cá vai o arroz de polvo. Passados mais dez minutos chegámos ao primeiro abastecimento e só o chá me consolava. Não conseguia comer nada, mas obriguei-me a isso pois era conveniente que o fizesse.

Após uma hora e meia de progressão fazemos uma subida que literalmente me matou! Morri ali! Antes disso perguntaram quem queria parar por ali. Nesse momento sentia-me com forças, mas logo após essa subida achei melhor dar por terminado o treino. E desci, voltei para trás com outro elemento da organização, o Miguel Catarino. Que teve a feliz ideia de me ‘obrigar’ a descobrir o caminho até ao Vale do Rossim. Mais uma aprendizagem.

É que isto de ir a correr sempre atrás de alguém é uma maravilha. Ou então ir numa prova em que o percurso é sinalizado também é um descanso. Mas e quando não há nada? Quando estamos no alto da montanha, e até avistamos o nosso destino do lado direito, para que lado devemos seguir? Devemos seguir para o lado onde avistamos as marcações? Ou para o lado onde avistamos o nosso destino? E que marcações? As mariolas (pedras sobrepostas que indicam o caminho a seguir) ou as marcas pintadas nos rochedos? Posso assegurar-vos que neste módulo teórico-prático consegui ter 13 valores. Não consegui melhor nota porque enganei-me uma vez e outra tive de parar uns segundos à procura da mariola. Não via nada e fiquei alguns segundos parada a tentar descobrir a trilho. Eis senão quando me dizem: “às vezes olhamos para o horizonte e as marcações estão mesmo à frente das nossas fuças…” E estavam.

As pautas já foram afixadas, lá passei à tangente. Além disso copiei. Mas ali pode copiar-se. Podemos olhar para o lado e copiar o estilo de um colega a correr, ou a forma como ele posiciona os bastões. E depois ainda há aqueles colegas que nos dão dicas: mexe mais os braços, endireita as costas, não vás por aí que tem gelo. Contudo, ainda não é desta que trago o diploma de mérito, qualidade e excelência!


Módulo

Formador
Nota
Nível 1: “A mariola está dois dedos à tua frente mas tu não a vês – princípios básicos de identificação de pedras sobrepostas em cinco segundos”

Miguel Catarino
13
Nível 1: “Técnicas de empurrão acima dos 1400m de altitude”

Telmo Dourado
12
Nível 2: “Controlo e monitorização alimentar pós-treino – olha para o que eu digo não olhes para o que eu como

Mister Paulo Pires
10*
Nível 1: “Técnicas motivacionais subordinada ao tema Vá, Anabela, ‘bora...

Nelson Sousa
13
Nível 1: “Técnicas rudimentares para enganar as dores”

Paul Michel
12
* Melhoria de nota na segunda época do próximo Trail Camp.



Domingo foi um dia calmo que deu para refletir. Deu para pensar que tenho muito treino pela frente para conseguir APENAS terminar o desafio Mont Blanc. Não é fácil. Não vai ser fácil. Assustam-me, para já, várias coisas. Mas uma em particular: a altitude. Já percebi que nisto (e no resto também!) sou mesmo menina. Não me dou bem nas alturas. Gosto da montanha, mas a montanha parece não gostar de mim. Trata-me mal. Provoca-me aquele mau estar como quem quer dizer: vai-te embora, não és daqui… Não te quero cá. A minha relação com a montanha não tem sido um mar de rosas.

E como em todas as relações, há sempre um lado que dá mais e, por consequência óbvia, recebe menos. A minha relação com a montanha está nesse patamar: eu dou, quase que me ofereço de bandeja, mas ela dá-me para trás. Não quer nada comigo.

E como também em tantas relações, há sempre um lado que insiste. Eu vou insistir. Vou apostar tudo nesta ainda-não-relação. Vou dar tudo.

E no dia 28 de Agosto no Monte Branco visto a pele de jogador de póquer e vou a jogo com uma adversária de peso: a montanha.

Mas a mim só me resta uma estratégia: all in

Fiquem com pequena selecção de imagens. Os créditos das fotos são para Joana Graça, Patrícia Reis, Telmo Dourado e Miguel Catarino. 



















Palestra sobre suplementação alimentar e prevenção de lesões - Enfª Joana Graça


O staff




 

Abastecimentos premium!

 
Cultura local











O B R I G A D A

Diploma de mérito, qualidade e excelência merece toda a organização deste evento que nos proporcionou, a mim em particular, momentos de aprendizagem e renovação. É assim que me sinto depois de um Trail Camp: renovada.

Como diria alguém que conheço: vou fazer um reset na minha “carreira” e vou começar de novo pois... AGORA É QUE É!!

17 de fevereiro de 2014

Kit Marathon des Sables

É só um minutinho para vos mostrar as coisas que têm chegado cá a casa. Já não tenho espaço para arrumar tanto tareco para a Marathon des Sables. Quanto tudo isto acabar vou fazer uma 'garage sale' ou então vendo 'KIT completo para a MDS' no eBay e compro um trapo da moda.

Entre outro material que já chegou hoje só vos vou mostrar o kit gourmet e kit salva-vidas, chamemos-lhe assim. O Paul Michel abala-se lá para as areias mas vai ter de cozinhar os seus repastos. Além de levar a comida, claro, terá de levar utensílios necessários à sua confecção.

Então temos:


Acendalhas!

 
Duas tentativas para adivinharem o que é isto?

Uma ajuda...

 
Muito bem! É o suporte da 'bimby' do deserto. Voilá!


Serve para estabilizar o copo.

 Cá está ele.


Um isqueiro. Diz que se raspar uma coisa na outra faz faísca.

Kit fundamental e obrigatório. Já perceberam para que serve, certo?

Em caso de picadela, e até ser socorrido por um médico, há que tomar medidas. Assim:

 Colocar na zona da picadela e deixar a fazer pressão, tipo vácuo.

E, por fim, um disco voador para jogar com os outros atletas no final das etapas:


Afinal é apenas um prato de refeições

Em breve falar-vos-ei da aventura que foi arranjar o saco-cama ideal: o mais leve, mas o mais quente possível. Uma combinação, à partida, difícil. Depois falarei da mochila (a opção foi o modelo do Marco Olmo) e do vestuário. Quanto a este último tópico, bastarão duas linhas, porque com a pouca roupa que ele leva... Nem sei se dará assunto para conversa. A questão das refeições, essa sim, dará conversa de abrir o apetite.

Já sabem, se para o ano algum de vós pretende ir fazer esta prova estarei aqui a fazer uma 'liquidação total' a partir de Julho.

Boas corridas!

11 de fevereiro de 2014

Notícias: The North Face® Ultra-Trail du Mont-Blanc®

Na newsletter de Fevereiro da The North Face® Ultra-Trail du Mont-Blanc® destacava o seguinte:

  • De 14.000 candidatos só 7.300 terão a oportunidade de participar numa das cinco provas.
  • Naquela semana estarão 7300 corredores a representar 77 nações. Muita gente... Os franceses, claro, dominam a participação, representando quase metade do total dos corredores. 
  • Atenção, Maria Anabela, que vais ter adversários de peso: cerca de 30 (dos 317) corredores da categoria 'Élite' vão ter o privilégio de correr contigo na OCC! Tu treina, mulher! Tu treina!!
  • Aumenta a participação feminina. Este ano as mulheres representam cerca de 13% dos corredores. E onde é que há mais mulherio, onde?? Na OCC! Ehehehe!! Aquilo vai ser quase uma saída de gajas! :))


Mais informações aqui.

Então lá nos encontramos, sim?




10 de fevereiro de 2014

Conversa de café




Eu: Parece que este ano não fazemos nada a dois… Assim romântico… Sei lá, um fim de semana ou uma semanita a passear por aí, sem os miúdos…

Ele: Então não? Vamos só os dois para Chamonix, enfardar massa durante uma semana para depois andar a subir kms!

3 de fevereiro de 2014

II Trail de Bucelas: quem diria, hein?...

[Preâmbulo]

Já estava avisada do lamaçal da prova. Quer de participantes da edição anterior, quer de voluntários na véspera da prova que diziam: "dos 25km, 15km devem ser lama!" Pois não foram 15km de lama, foram bem mais sem grande margem de erro.

Mas depois há lama e lama! E aquilo era muito mais que lama. Era rios de lama! Paletes de lama! Gigabytes de lama! Autocarros de lama! Charters vindos da China com lama!

Acreditem que foi o trail mais difícil que fiz até hoje. O estado do terreno aumentou consideravelmente a dificuldade da prova. Os ténis deixavam de ter tracção nas descidas e nas subidas. Por duas vezes tive de ir com as mãos ao chão para subir. Várias pessoas gatinhavam pelo monte acima. As quedas eram uma questão de sorte e não de melhor/pior técnica. Cair era quase uma roleta russa!

Gosto de lama, gosto sim senhora, mas aquilo foi demais. E foi demais, para mim, porque até gosto de correr. E poucas foram as vezes que o consegui fazer. As subidas e as descidas eram de respeito, mas com autênticos rios de lama tornavam-se perigosas. Gosto de trail com rios/riachos ou quedas d'água, gosto de obstáculos, gosto de lama, gosto de pedra... Tudo isto faz parte. Mas este trail só tem esta característica: muita LAMA em 90% do percurso!

Também gosto de ultrapassar dificuldades, mas que acima de tudo dependam de mim, da minha performance. Ali, metade do obstáculo dependia da sorte! E não me venham dizer que há técnicas para descer em lama. Pois claro que há, sem dúvida, e eu não devo ser o supra-sumo-da-barbatana a pô-las em prática, mas naquele terreno só 50% da técnica é que ajuda. A outra metade é rezar um Pai-Nosso!

Por tudo isto a organização esteve à altura. Muitos parabéns! Acho que nunca estive num trail tão vigiado. Creio que já a contar com possíveis acidentes a organização terá reforçado a vigilância. O percurso estava meticulosamente marcado, sem margem para dúvida, as zonas mais perigosas estavam sinalizadas com placas a dizer isso mesmo: PERIGO! (A sério???) E no final dessas zonas estavam voluntários atentos a algum atleta que eventualmente caísse e precisasse de auxílio. Os abastecimentos estavam lá, a simpatia dos voluntários também, o acolhimento antes e depois da prova esteve muito bem. Um exemplo de boa organização.

[Agora o meu trail...]

E começando pelo fim. Todos terminaram e bem, sem quedas aparatosas!

 O Paul Michel já estava com o 2º fato da cerimónia, por isso aquele aspecto clean!


Ritta fez uma grande prova, abaixo das 4h!

A Ritta a chegar! Ele merece este tributo!





 Desta vez ele foi-me buscar...

"Não, a estrela da companhia é ela, não sou eu!"

4h17m para mastigar 25km guarnecidos com lama e pedras salteadas!

E começo por dizer que gostei de fazer este trail, por ter sido um bom treino, que é o que preciso neste momento.

Neste trail tive uma sensação nova: pela primeira vez, enjoei o trail, imaginem... Já estava farta de andar naqueles trilhos, já só queria que aquilo acabasse. A dada altura da prova deixei de me divertir. A minha capacidade de concentração já estava esgotada. O percurso foi feito com os olhos bem abertos e os braços também, para tentar o equilíbrio.

Sabem aquela sensação de estar horas a jogar computador? Aquela sensação de cabeça pesada e olhos a saltar das órbitas? Pois assim estava eu ao fim de duas horas em Bucelas. Mentalmente exausta e fatigada de tanta escolha minuciosa: ponho o pé mais aqui ou mais ali?

Este trail apelou a uma grande capacidade de concentração e técnica de descida, não deixando grande margem para desfrutar. Nem me atrevi sequer a tirar o telemóvel da mochila para tirar fotografias apesar da paisagem o exigir. Uma pessoa como eu, só podia caminhar ou correr. Fazer isto ao mesmo tempo que fotografava era a morte da artista! Sofri bastante e a dada altura desejei não estar ali.

Gosto de trail, acima de tudo, porque gosto da natureza. E isso o trail de Bucelas tem.

Gosto de trail porque temos a possibilidade de andar por locais onde jamais um carro passará. E isso o trail de Bucelas tem.

Gosto de trail pelas vistas panorâmicas a bonitas paisagens naturais que podemos apreciar enquanto fazemos desporto. E isso o trail de Bucelas tem.

Gosto de trail porque fazemos subidas onde sentimos que estamos quase, quase a tocar no céu. E isso o trail de Bucelas tem.

Gosto de trail porque gosto de correr na natureza sentindo-me parte dela. E isso o trail de Bucelas tem muito pouco.

Corri muito pouco e andei demasiado. O trail, para uma pessoa como eu, é para desfrutar. Não é para me enervar. E confesso que andei por Bucelas muito 'enervada com os nervos'. O receio de cair era uma constante. Chamem-me mariquinhas, falta-de-jeito, menina, o que quiserem... Possivelmente o problema é meu que sou ainda desajeitada a fazer trilhos técnicos. Mas a verdade é que gosto do trail (também) pela sua componente lúdica.

Algo vai mal quando paro e digo para mim: "não me estou a divertir!" E apetece-me sair dali a voar, (literalmente, para fugir daquele lamaçal). Mas como todos também compreenderão, uma prova acaba-se sempre, excepto por motivos de força maior. E este não era seguramente um motivo de força maior: o minha não-diversão.

Por isso este trail não tem muito para contar. Andei demasiado preocupada em evitar quedas. Fazer isso durante 1 ou 2 km é giro à brava; fazer isso durante 15km não é.

Eu gosto de trilhos rolantes, com subidas e descidas, pode ter rios, riachos, pedras e pedragulhos, pode ter lama, escarpas com cordas... Já fiz tudo isso, mas tudo com conta, peso e medida. Imaginem-se a fazer um trail só com subidas? Ou só com descidas? Ou só com rochas para trepar? Achariam graça?
 
O saldo positivo deste trail, para mim, é que foi um bom treino. Andei por lá cerca de 4h e isso foi muito bom para mim. Foi pena não ter desfrutado mais da paisagem e das pessoas.
 
Boas corridas!