23 de setembro de 2016

Tor des Géants


Uma semana volvida e tudo está ainda muito à flor da pele. O impacto desta prova nas nossas vidas foi muito grande. De diversos pontos de vista, cada um de nós, dos miúdos aos graúdos, passou por uma semana muito intensa.

O antes da prova também foi intenso. Intenso em treinos e dedicação. Intenso em estudo, em cálculo, em planeamento. Tudo se prepara. Não só o corpo, mas também a cabeça e a mochila.
Muito haveria para contar, mas por um lado, não posso nem faço relatos de provas que não vivi, nem sequer de perto. Só à distância de um F5.

O Paul Michel vem, claro, de alma cheia e muitos ‘ses’… Muito ‘ses’ e uma certeza: a prova foi o que tinha de ser. Aliás, foi uma prova que se transformou numa viagem. Uma viagem que o levou a terminar e a alcançar o sonho. E aqui não há ‘ses’. O sonho era terminar o Tor des Géants. Um sonho que foi uma travessia.

Sei que o Paul Michel esteve no inferno. Mas entrou e saiu. Quando saiu ele muda a história do Tor des Géants. Muda a história, mantém as personagens, mantém o palco e segue a sua travessia até ao fim.

Esta viagem, como todas aliás, tem uma história. Um história com princípio, meio e… Sem fim. Esta história não teve fim. Esta história continua... Continua a história e continua a viagem. Seja por montanha, deserto ou estrada o que interessa é viajar, é conhecer o mundo, é sonhar e concretizar.

Uma palavra de apreço e de profunda gratidão a todos que nos acompanharam nesta viagem. Foram muitos.

Mas depois há um que, mesmo não sabendo, esteve lá…

Paulo Pires.



Partilhando a sua filosofia de treino resta-me acrescentar que por detrás de cada sucesso, esforço, paixão e coragem para arriscar… Existe o Paulo Pires com coragem para apoiar e viver a viagem connosco. Passe ela por onde passar...


16 de setembro de 2016

Paul Michel un Géant Finisher




Livre não sou, que nem a própria vida 
Mo consente. 
Mas a minha aguerrida 
Teimosia 
É quebrar dia a dia 
Um grilhão da corrente. 

Livre não sou, mas quero a liberdade. 
Trago-a dentro de mim como um destino. 
E vão lá desdizer o sonho do menino 
Que se afogou e flutua 
Entre nenúfares de serenidade 
Depois de ter a lua!

Miguel Torga




5 de setembro de 2016

Tor des Géants 2016



E pronto. Agora vamos virar os holofotes para o Paul Michel, sim?

Dia 9 parte rumo a Courmayeur onde no dia 11 partirá para a maior aventura. Esta é que é a maior, é "mais maior" do que a Marathon des Sables. São 330km com 24000m D+ para se fazer, num máximo, de 150 horas. De uma etapa só. 

O Paul Michel vai só. Quando pensou neste desafio disse que só o faria com apoio. Na altura acordámos que sim, que iria fazer-lhe o apoio à prova. Mas, o início do ano escolar ditou que fizéssemos opções. A opção foi eu ficar. Por isso, houve a necessidade de reorganizar toda a logística e preparação desta prova. Há claramente uma grande diferença entre fazer uma prova destas com e sem apoio.

Ele vai sozinho. Vai ser uma semana de nervos. Preferia ir com ele. Sempre sabia da evolução, da sua condição física. Ao longe não saberei de nada, ou pelo menos saberei de muito pouco. Saberei aquilo que o site da prova me informar e saberei algo quando ele me telefonar (que não serão muitas vezes, já sei...).

Convido-vos a conhecer um pouco da prova que este ano atravessou uma controvérsia entre a organização e as entidades locais, ao ponto de neste momento estar a decorrer uma prova igualzinha, fazendo o mesmo percurso que o Tor des Géants. 

Sobre a preparação do Paul Michel, nada a assinalar: metódico, focado e rigoroso. Não tenho dúvidas que vai terminar esta desafio.

Mas esta preparação não começou faz meses. Começou faz anos.












 

















Não te esqueças que este ano vais sozinho, ó...?



1 de setembro de 2016

Em Chamonix cacei o mais valioso dos pokémons

Pois não pensem vocês que me deixei ir abaixo pelo facto de não ter terminado a OCC.

Finalmente concretizei um sonho. O sonho de conhecer, ao vivo a a cores, o senhor Anton Kupricka.

Andava eu e o meu amigo Nuno Amaral a passear pela feira do trail quando de repente... Pára tudo!! É ele! Ali! A 2 metros da minha pessoa. Olho para o lado e não vejo o Nuno. Enervo-me.

Mas onde é que este gajo se enfiou agora? Raios o partam!

Ligo-lhe para o telemóvel e quando ele atende o nosso diálogo foi rápido:

- "Onde estás, car#"/$?"

- "Estou aqui mesmo na entrada da feira."

- Despacha-te. Entra aqui no primeiro corredor. Nem imaginas quem está aqui à minha frente. O Kupricka! Despacha-te, merda!! Anda cá tirar-me uma foto com ele antes que se escape."

- Estou a ir. Aguenta-o aí."

E eu aguentei. 

 Estou aqui, fofo! Quando terminares aí, vira-te para mim, sim?

 Ahhh, não te viras? Ok, vou aproximar-me mais. Vais ver que dás pela minha fantástica presença.

Entretanto já estava a marcar território. Assim que ele acabar de falar com estes moços atiro-me ao pescoço dele e não o largo.

Mal arranjo a minha brecha digo logo:

-"Hi, hello... Could you please take a picture with me? I'm your biggest fan in Portugal. You know Portugal?? 

- "I'm sorry, I can't take more pictures, ok? Tomorrow I'll be on the exhibition stand."

Enquanto se vira de costas e agarra na bicicleta para se ir embora entra em cena o Nuno Amaral. Primeiro em inglês e depois, já desesperado, em português à bruta:

-"Come on, man! Just one more. Don't put me in trouble" - Que é como quem diz: "quem é que depois a atura? 

Neste preciso momento ele vira-se já com a bicicleta na mão pronto para a seguir e a esboçar um sorriso de graçola diz:

-"Ok, just on more."


E nunca mais voltei a ser quem era... Todo um mundo novo se me surgiu ali. De repente, os astros alinharam-se e o firmamento ficou mais nítido e ao toque de um esticar de braço. 

Porra, pá!!! É o Kupricka!! Perfeito, perfeito era ter tirado a t-shirt, mas achei que isso era pedir demais.

E por ali continuei todo o resto da semana. Percebi que era melhor a sacar fotos com famosos do que a correr 55km.

Enfim, cada um é p'rókenasce!

 
 François D'Haene (vencedor do UTMB na edição de 2014, quando estive lá e fiz a OCC)

Baby Runners e Ludovic Pommeret (vencedor desta edição do UTMB)

Armando Teixeira (14º lugar e melhor português no UTMB) e meu "colega" de equipa :)))

Outra "colega" de equipa: Lucinda Sousa

Até 2017 Chamonix. Voltarei para o ano, com toda a certeza, mas para dar apoio à prova do Paul Michel, que em 2017 tem entrada direta no UTMB.