Aquele era o meu dia.
...
Acordo às 3h30m da manhã. Uma noite muito mal dormida.
Apesar de ter ido para a cama às oito da noite creio ter dormido apenas uma
hora. Duas horas se tanto. Toda a noite rodopiei na cama. Ora pensava no Paul
Michel, que se encontrava em prova, com os restantes amigos, ora pensava na
minha prova que estava prestes a começar.
Quando o despertador toca foi como se uma dor de barriga se
apoderasse de mim a querer dizer-me: “não
vás, dói-te a barriga e dormiste mal. Lembras-te que no Ultra Trail Douro e
Paiva, onde desististe, também dormiste mal…” Depressa comecei a vestir-me e a tomar o
pequeno-almoço. Tinha tudo pronto de véspera: bastões, mochila com material
obrigatório, reserva alimentar, mini-farmácia, roupa (impermeável, t-shirt
térmica), etc.. Ia carregada que nem um burro. Mas ia segura. Tinha tudo o que
poderia necessitar.
Saio de casa sozinha, sem ninguém. Costumo sair sempre com o
Paul Michel. Naquele dia estava por minha conta. Era de noite. Caminhava
sozinha pelas artérias de Chamonix e não via ninguém. Costumo ir
sempre na risota e na brincadeira para as provas. Desta vez ia com ar sério,
mas ao mesmo tempo sereno. Perguntava a mim própria: será que hoje é o meu dia?
Ó faxabôr, algum outro Deus me pode dizer algo?! Já que o meu parece que amarrou o burro? O meu Deus às vezes
faz-me destas. Quando preciso dele com urgência diz-me que está ocupado. Bom,
se pelo menos estiver ocupado com o Paul Michel e os meus amigos que já estão
em prova, menos mal…
Entro no autocarro que me levará ao meu destino e começo a
sentir-me tranquila. Acomodo-me de forma a ir o mais confortável possível.
Lembro-me das palavras do Mister: “leva
roupa confortável, tipo um fato de treino quentinho, tens pelo menos uma hora
de caminho, aproveita para dormir”. Dormir?... Quem é que conseguia dormir?
Perto das cinco e meia da manhã toca o meu telemóvel. Era o
Paul Michel: “não queria que saísses sem
saber que estou bem, mas ainda me faltam umas quatro horas para chegar à meta.
Só te quero dizer uma coisa: nunca ponhas a tua vida em risco. Se tiveres de o
fazer desiste desta merda”. Desistir? Ele falou em desistir quando eu ainda
nem sequer comecei? Eu precisava ouvir tudo, naquele momento, menos aquele
discurso tão derrotista. Percebi logo que o estado de alma dele não era o mesmo
aquando da Marathon des Sables. Percebi que aquela prova estava a ser um
suplício e que ele só a queria acabar. E desta vez sem sorriso no rosto (o que se veio a confirmar mais tarde).
Chego ao destino e encontro-me com o meu amigo Paulo Soares,
que iria fazer também a prova comigo. Antes de partir ainda há tempo de falar
com a Ana. Sim, com a Ana. Nesse momento, ainda soube por ela que o Paul Michel
estava em bom ritmo até à meta. Confesso, que senti uma pontinha de
inveja. Já está, tu já conseguiste, mas eu ainda nem sequer parti. A Ana
diz-me: “olha, eu sei que tu não sabes,
mas eu sei que vais conseguir. É que sei mesmo!”
Pois… Pelos visto parece que todos sabem, menos eu…
Naqueles minutos prévios à partida o ambiente que se vive é
de festa. E que festa. As pessoas abanam os chocalhos e batem palmas. Vibram com
aquela festa. Recordo que a minha prova, a OCC, realizou-se este ano pela
primeira vez. A vila escolhida para a partida, Orsiéres, estava ao rubro. Os
habitantes estavam orgulhosos de nos receber. Havia imensas crianças.
Pergunto-me se já haveria escola ou se nesse dia houve dispensa para ir apoiar
os atletas (não me admirava nada). O speaker entusiasmava-nos, as pessoas
batiam palmas, pediam-nos para acenar com os braços para tirarem fotos, um
drone sobrevoava as nossas cabeças… E os chocalhos abanavam
parecendo sinos de igrejas. É a loucura!
Estava dada a partida. Atravessámos as ruelas de Orsiéres
debaixo de um som estridente: gritos, palmas, chocalhos, cartazes, fotógrafos…
Meu Deus, que festa! Todos gritavam: allez, allez!!! Bom courage!! (Ainda hoje oiço as vozes,
acreditem…) Por duas vezes tive a sorte de ouvir: allez jeune fille du
Portugal, allez!! E o mais curioso é que ouvi umas duas ou três vezes alguém
comentar: regardent, ils sont de Portugal (emigrantes, talvez, espantados por
nos verem ali). Enfim, somos os maiores!
A prova começou e começou… A subir! Mesmo dentro da vila o
percurso foi sempre a subir. As crianças ficam loucas. Algumas levam cartazes
feitos por elas. Um grupo de pessoas deu-se ao trabalho de fazer um mega-cartaz
com todas as bandeiras participantes. Ainda pensei para mim: “somos só meia dúzia, não devem ter posto lá
a nossa…” Pois enganas-te, menina. Estava lá a nossa bandeira.
Começamos a correr e começo a sentir calor. Ao fim de
3km tive de despir o impermeável. Pouco depois afunilamos numa subida e
perdemos ali vários minutos. Ficamos parados o que nos permitiu conhecer mais dois
portugueses que até à data não sabíamos quem eram. Eram dois jovens
portugueses residentes na Suíça. Emigraram há quatro anos em busca de uma vida
melhor. Trocámos algumas palavras e pouco tempo depois eles seguiram à nossa
frente.
Nesta altura digo ao Paulo Soares: “vai à tua vida, moço. Não esperes por mim, já sabes que sou lenta.
Esperas por mim na meta, pode ser?” Ao que ele me responde, nas suas sempre
poucas palavras: “eu não estou com pressa
para acabar isto. Além disso vou a gerir o esforço”. Fiquei desconfiada da
sua estratégia. Ele corre para chúchú e agora vai aqui armado em ama-seca…
Hummm…
Percorridos 7km chegamos ao primeiro abastecimento.
Hidratámos bem e enchemos os depósitos das mochilas e seguimos viagem. Creio
que estivemos ali uns três ou quatro minutos, não mais. Sentia-me bem.
Sentia-me bem disposta, alegre, contente e confiante que hoje poderia ser o meu
dia. O Paulo Soares estava fresquíssimo, mas teimava em não me largar. Eu
percebo, tenho este efeito junto dos homens! Eheheheheheh
Neste abastecimento desconfiei da sua estratégia para a sua
prova: passava tão-somente por não me largar. Ele queria certificar-se que eu
acabava. Hoje tenho quase a certeza que isto foi uma encomenda da mulher, a
Ana. Sim, a Ana.
Ao sair do abastecimento passamos pela parte mais rolante da
prova. Aqui corremos uns bons quilómetros. Entre pequenas subidas e algumas
descidas, pouco acentuadas, conseguimos correr e conversar. A passagem por
Champex é qualquer coisa… É lindo! Maravilhoso! Aqui perdemos vários minutos a
tirar fotos. Uma espanhola ofereceu-se para nos tirar uma foto. E que bem que
ficou.
Champex
Ao km13 começa a primeira grande subida. Lembram-se do
gráfico? Não?
Fiz esta subida com muita cautela. Calma e serenamente,
tinha receio de me espatifar à primeira. Chegados ao cimo falta-nos o ar da
paisagem que temos à nossa frente. O dia estava radioso, o sol brindou-nos
sempre com a sua presença. Não podia pedir mais nada, pois não? Estava tudo a
ser perfeito.
Agora só faltava eu cumprir com a minha parte. Afinal Deus estava a dar-me aquele sinal. Estava a dar-me tudo: sol, calor, boa disposição, boa companhia… Agora só faltava correr até à meta. E isso só dependia de mim. E do anjo da guarda que me acompanhava, o Paulo Soares.
Eu vim de lá de baixo
Agora só faltava eu cumprir com a minha parte. Afinal Deus estava a dar-me aquele sinal. Estava a dar-me tudo: sol, calor, boa disposição, boa companhia… Agora só faltava correr até à meta. E isso só dependia de mim. E do anjo da guarda que me acompanhava, o Paulo Soares.
Fiz as subidas a pensar na minha Pampilhosa, na subida dos
eucaliptos, que só tem uns 400m D+, mas onde fiz vários treinos. Subi ao som do
teléc-teléc dos bastões a bater nas pedras e pensava para mim: estás na subida
dos eucaliptos e isto não custa nada. Quando pensava isto olhava para cima e
exclamava: Meu Deus, aquilo lá em cima são pessoas? Parecem pioneses coloridos!
Mas conseguia. Conseguia sempre. Esta já está! Já só faltam mais quatro subidas
destas!
Depois de subir, desce-se, não é? Pois as descidas foram
para mim uma surpresa. Contava conseguir correr com mais ritmo, mas parte das
descidas tinham zonas bastante técnicas e aqui eu sou uma naba e por isso nunca
arrisco muito. Descida feita até Trient, o primeiro grande abastecimento. Aqui
tínhamos 24km feitos. Estávamos praticamente a meio da prova (achávamos nós…).
Eu sentia-me fresca e fofa! Estava contente comigo. Aqui, em Trient ao km24 começo
a sentir que hoje poderia ser o meu dia.
Repito: eu vim de lá de baixo
Em pequena morria de medo das vacas. Hoje andei a correr no meio delas.
Enquanto comia a canja (aqui comi 3 tijelas de canja! Ahhh,
bruta!) pensei que não me sentia nada
cansada, nada fatigada, não me doía nenhum músculo, estava pronta para seguir
viagem. E de cara alegre!
Saímos de Trient rumo ao próximo abastecimento em
Vallorcine. De Trient a Vallorcine tínhamos 11km pela frente, mas… E há sempre
um mas… Nestes 11km enfrentaríamos a maior e mais dura subida da prova. Esta, a
subida até Catogne: dos 700m aos 2200m em 4km.
Nesta subida começo a ultrapassar várias pessoas. Algumas
delas já iam em grande esforço e sofrimento. Lembro-me de duas em particular:
um rapaz que se deitou à sombra e pediu para lhe esticar as pernas, e uma senhora,
na casa dos 50 anos, que me fez lembrar a Anabela na casa dos 30 anos no Ultra
Trail Douro e Paiva: dava um passo e parava. Respirava forte, dava outro passo
e parava.
A meio desta subida lembro-me de pensar no seguinte: se
chegares ao fim desta subida e depois fizeres a descida estás a 18km da meta.
Olhando para o gráfico bem sei que ainda tinha mais subidas para fazer, mas
depois daqui tens 2/3 da prova feita. E se me sentisse bem qual
era o motivo para não chegar ao fim? Siga!
Aqui, neste momento, e pela primeira vez, disse só para mim
num sorriso tímido: “tu vais conseguir,
mulher!” Pela primeira vez, não tive receio de começar a deitar foguetes
antes da festa. Cheguei a Vallorcine com "aquele" meu sorriso. Desci para
Vallorcine com a confiança e a certeza que merecia tudo aquilo e o que mais
Deus me pudesse oferecer. Afinal Ele estava lá.
Cheguei a Vallorcine e tinha amigos meus à espera. O Miguel Catarino
e o Rui Barbosa com as suas famílias. Foi um bálsamo. Encontrar ali as “nossas
gentes” foi como estar em casa. Curiosa esta sensação, porque eu senti-me
sempre em casa. Ao longo de toda a prova nunca me senti “estrangeira”. Comi bastante em Vallorcine. Mais duas tijelas de canja!
Ó p'ra nós prontos p'ra ganhar isto!
Mais uma vez as palavras do
Mister: “vamos apostar neste
abastecimento: come bem, hidrata bem, carrega bem a mochila porque ainda vais
ter praticamente uma meia-maratona pela frente. Se tiveres tempo descansa um
pouco e alonga porque a esta altura já podes ter alguma fadiga acumulada e os
músculos podem dar sinal”.
Qual quê?! Nada. Fisicamente estava bem e de cabeça ainda
melhor. Saímos de Vallorcine e sabíamos que agora teríamos pela frente a tal
meia-maratona com algumas subidas. Aliás, o Miguel Catarino tranquilizou-nos
dizendo: “agora é só subir um montezito e
depois é sempre a descer até à meta.” Aquelas palavras fizeram com que eu e
o Paulo Soares nos entusiasmássemos e saíssemos dali dispostos a fazer aqueles
últimos quilómetros com um ritmo alucinante. Dissemos um para o outro: “como é? E para correr?” SIGA!!!!!
(Miguel Catarino, depois ajustamos contas: com que então é só um montezito?...)
(Miguel Catarino, depois ajustamos contas: com que então é só um montezito?...)
Não sei porquê sempre que olhei para o gráfico achei que a
subida depois de Vallorcine era canja. Menos acentuada e portanto mais fácil.
Pois… Pensavas…
A partir daqui é que foram elas. Foram os 10km mais sofridos
de toda a prova. O sol começava a baixar e arrefeceu, a fadiga começava a dar sinais – nada
de preocupante, mas já acusava algum cansaço -, mas ao mesmo tempo a vontade de
chegar aumentava a cada passada. Lembro-me por duas ou três vezes o Paulo
Soares comentar: “epá, se depois daqui
ainda for para subir mais juro que me atiro para o chão e faço birra!” E
era. Era para subir mais. Mas ele não fez birra. Subiu e... De cara alegre!
Mais tarde digo eu: “mas
então já não provei que consigo subir estas montanhas? É preciso mais? Tenham
dó…” Admito que nesta fase apoderou-se de nós alguma desmotivação e cansaço
que nos levaram a tecer algumas considerações menos abonatórias sobre a
organização da prova. Nesta altura começa o Paulo Soares a receber telefonemas.
Onde é que estávamos, se faltava muito, se eu ia com ele… Algumas pessoas
estavam preocupadas com a barreira horária, porque tínhamos de chegar a La
Flégère antes das 20.30m. Acabámos por chegar às 19.30m, tínhamos portanto uma
hora de vantagem sobre a barreira horária.
Chegados a Lá Flégère foi altura de comer mais e beber
melhor. Aquela subida tinha acabado com a nossa resistência. Por momentos senti
que nos fomos um pouco abaixo, mas ao mesmo tempo estávamos a 8km (e sempre a
descer!!) da meta. Vesti a minha t-shirt térmica, pois já sentia frio. O Paulo
Soares vestiu o impermeável. Eu estava um pouco impaciente. O Paulo Soares
estava calmamente a comer e eu apressava-o. Queria ir embora dali, queria ir
para a meta. Estava ali tão perto, era só descer, correr, correr… Mas será que
conseguiria correr assim tanto? Já tinha os músculos tão maçados. Até os
braços, do uso dos bastões, me doíam. Amanhã vou parecer um cabide ou um
fantoche, vou andar com os braços para o lado sem os conseguir mexer.
O Paulo Soares levanta-se e diz-me: “como é moça? 4m50s/km até à meta?” Ao que respondo: “’bora lá, moço. Até vou levantar poeira a
descer!”
Ó meus amigos, deviam ser moscas para nos verem. Aquilo é
que foi bater perna e levantar poeira por ali abaixo. Deixei de ver o Paulo
Soares, tal foi o gás que lhe deu. Eu passava por pessoas que diziam coisas do tipo: “vais com a pressa! Ainda tens força para
isso?” Estes comentários ainda mais gana me deram. Corri, como nunca corri.
Sabia que lá em baixo estava a meta com que tanto sonhei.
Destes 8km, chorei durante 6km. Chorei tudo o que tinha a
chorar. Fiz um flashback dos meus últimos três meses de treino e fartei-me de
chorar. Mas só choro aqui, sem ninguém ver. Nem o Paulo
Soares percebeu. Ia na minha frente e mesmo quando esperava por mim rapidamente
limpava o rosto e olhava de lado.
Corri, corri, corri, chorei, chorei, chorei. Foi assim ao
longo dos quase 8km.
Ao entrarmos na vila já estava recomposta. O Paulo Soares
esperou por mim e continuámos a correr cheios de força. Quando nos aproximamos
do centro da vila começamos a ouvir os primeiros aplausos. Já eram quase oito e
meia da noite mas ainda havia muita gente nas ruas. O Paulo Soares foi o meu
anjo da guarda. Ele poderia ter
feito a prova, no mínimo, com menos duas ou três horas. Mas não. Vai de
Portugal a Chamonix fazer a prova comigo. Ganhei um irmão das corridas.
Há medida que progredimos no terreno os aplausos aumentam e
eu começo a sentir-me a estrela da companhia. Começamos a ouvir os nossos nomes
na boca de desconhecidos, algumas pessoas gritam:
P O R T U G A A A L
Estou a 100m da meta oiço o Paul Michel a gritar por mim,
olho para ele e vejo um ramo de flores. É para mim? E ele responde: é! Agarro
logo no ramo sem lhe dizer mais nada. Nem paro de correr, pego no ramo e fujo.
O mais importante era chegar à meta.
Apressamos o passo de corrida. A vontade de chegar à meta é
mais que muita. Entramos na rua principal, onde já só vejo as luzes do pórtico
(sim, desta vez o pórtico estava lá a minha espera!) e não me aguento. Começo a
sentir o corpo todo a tremer, mas as forças não me faltavam. E corri, corri,
corri… Começo a ver e a ouvir os nossos amigos. Ouvia coisas como: já está!
Conseguiste! Força! Está quase! Viva Portugal!
Mas o melhor de tudo estava para se ouvir e da voz de um
desconhecido. Quando me encontro a três metros de cortar a meta oiço uma coisa
tão simples como:
ANABELAAAAA DE PORTUGAAAAL
Era o speaker que gritava. Gritava o speaker, gritava o
Telmo, gritava o Miguel Catarino, gritava o Rui Barbosa, gritava o Paulo
Tavares, gritava o João Maia (que me conheceu naquele dia, naquele instante),
gritavam duas idosas que estavam na meta do lado esquerdo, gritava o Paul
Michel, gritava…
Eu oiço...
E ao longe, muito longe consegui ouvir os vossos gritos. Por momentos ouvi-vos gritar. Até o Mister gritou (baixinho, mas eu sei que gritou!)
Quem não gritou fui eu. Sempre pensei que chegava à meta em êxtase, com garra e raiva de superar este objetivo. Mas não, cheguei mansa que parecia um cordeiro. Como quem agradece humildemente tudo a que teve direito nesse dia. Não consegui expressar alegria, só gratidão. Não consegui explodir, só consegui abraçar quem lá estava e agradecer. Senti que ao agradecer àqueles, estava a agradecer a todos vós que aqui vieram dar-me apoio ao longo desta preparação. O treino é 1/3 da preparação, a cabeça outro 1/3 e a força dos nossos amigos compõem o ramalhete. Esta é a minha fórmula mágica.
Quem não gritou fui eu. Sempre pensei que chegava à meta em êxtase, com garra e raiva de superar este objetivo. Mas não, cheguei mansa que parecia um cordeiro. Como quem agradece humildemente tudo a que teve direito nesse dia. Não consegui expressar alegria, só gratidão. Não consegui explodir, só consegui abraçar quem lá estava e agradecer. Senti que ao agradecer àqueles, estava a agradecer a todos vós que aqui vieram dar-me apoio ao longo desta preparação. O treino é 1/3 da preparação, a cabeça outro 1/3 e a força dos nossos amigos compõem o ramalhete. Esta é a minha fórmula mágica.
Bravo, jeune fille!! Allez, allez Anabela!! Bon
courage!!
Senti-me uma bailarina, quando improvisei descidas ao sabor
de um ritmo que não era o meu.
Senti-me guerreira, quando olhava cá de baixo e via pessoas
pequeninas e coloridas no alto e sabia que era para lá que eu ia.
Senti-me a Heidi a caminho da cabana do avô, quando passei
por entre pastos e vacas com chocalhos barulhentos.
Senti-me vitoriosa e merecedora de cada passo que dava.
Senti que merecia tudo aquilo e muito mais. Naquele que foi o meu dia!
Senti que merecia tudo aquilo e muito mais. Naquele que foi o meu dia!
Eu, a bandeira, os fotógrafos, os amigos, o ramo de flores e o meu Kilian Jornet
só isto: :) :) :)
ResponderEliminarorgulho em ter feito umas mini corridas contigo.
Agora aproveita e começas a fazer umas maxi corridas!! Anda!! ;)
EliminarBeijinhos
Perante tudo isso eu só consigo dizer isto:
ResponderEliminarQue orgulho tenho eu em te conhecer!!!
Puseste-me a chorar com soluços á mistura!!!
Quando te vir esmago-te num longo abraço mulher!!!
És uma guerreira!!!
Lindo! Lindo! Lindo!!
Obrigada Marta! Foi uma conquista partilhada contigo, sabes isso. Contigo e mais algumas pessoas. Quando assim é juro que subir montanhas torna-se fácil!
EliminarBeijinhos grandes!
Nem sei o que comentar Anabela... Mas tu entendes-me :)
ResponderEliminarDeixa-me só dizer duas coisas. Uma é que vais ouvir durante muito tempo esses gritos. Acredita que ainda hoje oiço os de Sevilha :)
Outra é que reagiste como eu na minha estreia na Maratona. Pensava que chegava à meta e "desfazia-me" mas foi uma sensação tão forte, tão forte, que fiquei praticamente sem reacção. Tudo louco à minha volta e eu sem reagir (na de Sevilha "vinguei-me" pois deitei toda a emoção cá para fora)
Anabela... este dia foi todo teu. Nesse dia e para todo o sempre pois NUNCA te irá largar.
Nem a nossa admiração pela fantástica coragem e empenho que demonstraste.
Um grande beijinho e desfruta sempre desta sensação
Olá João, quando vejo as imagens (e todos os dias revejo as fotos e releio as vossas mensagens) arrepio-me e oiço essas vozes. Acho que nunca mais terei um dia assim. Posso conquistar mais montanhas, cortar mais metas, mas sentir o que senti nesta... Vai ser difícil...
EliminarJá não te consigo agradecer mais. Só te posso dizer que os teus "Eu Acredito" foram um empurrão valente nas partes mais difíceis (que não foram muitas, é verdade), mas ali a seguir a Vallorcine lembrei-me várias vezes.
Grande e forte abraço!
Anabela...nem sei nem consigo exprimir as emoções por que passei apenas a ler o teu post, nem imagino as que passaste.
ResponderEliminarMas que foi o TEU DIA! FOI!
Apenas uma palavra para todos que te acompanharam, em especial, claro, aos Paulos: olha que ter uma guarda de honra dessas não é para todos, não senhora.
Desfruta, saboreia.
Uma inspiração, Anabelaá :)
bjs
O engraçado é que tenho vários Paulos importantes nesta prova. Um atura-me, outro treina-me e outro faz a prova comigo. Sou ou não sou uma mulher de sorte?
EliminarGrande abraço e muito obrigada pelo teu apoio constante!
Beijinhos
Lindo, Anabela! Partilhei contigo as emoções desse que foi o TEU dia. Naquele que todos acreditavam, e tu não. Tens aí a prova... Fantástico, muitos parabéns!
ResponderEliminarBeijinhos
Nesta odisseia, eu fui mesmo a pessoa menos boa para mim. Só acreditei MESMO no prório dia, sabias?
EliminarBeijinhos grandes e obrigada!
Muito bem! Eu sabia que conseguias! Afinal aquele treino todo e os sacrifícios resultaram... Beijinhos e curte o momento!
ResponderEliminarResultaram sim!! Também me lembrei de Monsanto. Quando cheguei a Chamonix no primeiro dia e vi a grandeza das montanhas lembrava-me de Monsanto e pensava: como é que queres conquistar estas montanhas a treinar nas rampitas de Monsanto?
EliminarBeijinhos e obrigada Sílvio!
Anabela. Sabes como foi importante para mim, esta tua conquista. Como fiquei orgulhosa, motivada. Não tenho mais palavras para o expressar. Vou tentar expressar-me sobretudo com força de vontade para atingir os meus objectivos. E torno público que encomendo praticamente tudo. Compras do supermercado, calçado, plantas, comida para o cão, quase tudo. Mas ao Paulo nao encomendei nadinha. Se foi contigo foi porque quis. Porque és ímpar e única neste mundo e a tua companhia vale mais que os triunfos todos. Espero um dia também ter a honra de cortar uma meta contigo.!
ResponderEliminarAna, acredita que ter o Paulo ao meu lado foi super importante. Ele transmitiu-me segurança e serenidade que me ajudou imenso. Fazer a prova com ele foi para mim um privilégio. Ele podia tê-la feito em menos três horas, já o disse. E como alguém aqui já o disse também: foi uma autêntica guarda d´honra! E de luxo!!!
EliminarOxalá consigamos partilhar mais conquistas juntos! E de preferência contigo ao lado!
Beijinho e muito obrigada!
Grande Anabela....grande conquista que volto a dizer que sabia que ias conseguir (não me perguntes como, mas eu sabia). Este teu texto está lindo e transmite as emoções fortes da epopeia que eu consigo sentir tb....aliás, estou com a lágrima no canto do olho (como estou sozinho num quarto de hotel na Alemanha, não tem problema nenhum, ninguém vê :) )...e as fotos...espectáculo. Que seja a primeira de muitas grandes e belas aventuras, mas esta terá sempre um lugar muito especial, pois foi a primeira e não há nada como a primeira.
ResponderEliminarBeijinho e boa recuperação
P.S. Qual a próxima? :)
Mais um que acreditava em mim! Eheheheh
EliminarTal como dizes: acho que não volto a passar pelo mesmo. Aqui também se aplica: "não há amor como o primeiro!"
Próxima? Só em 2015. 2014 está encerrado em termos de objetivos. Já chega. Foi um ano ímpar.
Mas atenção, continuarei nos trilhos e também quero voltar à estrada!
Beijinhos e muito obrigada!
Ana,
ResponderEliminarmais uma vez parabéns, você também faz parte do "team com sangue nos olhos".
Corri com você no relato,emocionante, você merece, curta bastante esta vitória!!
Grande abraço.
Jorge
Jorge, essa expressão "sangue nos olhos" marcou-me muito quando o Paul Michel foi para o deserto. Sinto-me honrada por agora ser merecedora de tal referência.
EliminarForte abraço e obrigada pelo apoio! Sempre!
Uau, incrivel :) Andei a poupar as leituras do Monte Branco para quando acabasse as férias e já andava em pulgas para ler o teu relato. Lindo! Que prova e que dia perfeitos! Muitos parabéns Anabela! Tu, o Paul Michel, o Paulo Soares e esse pessoal todo, são os maiores! Beijinhos
ResponderEliminarSomos os maiores no apoio uns aos outros. Estou a preparar um post sobre isso, Filipe. Nem imaginas a correria que foi nos dias a seguir à prova. Acho que ainda me cansei mais a apoiar os amigos, do que a fazer a OCC.
EliminarMuito obrigada pelas palavras, beijinhos!
Anabela, também eu chorei de felicidade. Por ti.
ResponderEliminarMuito, muito feliz por ti! Estás de parabéns pela tua coragem, pela tua resistência e garra.
Quanto todos os factores se conjugam dessa maneira sai tudo perto da perfeição. Que mais poderias pedir?
Estão todos de parabéns pelo que conseguiram, pelo que viveram e que com certeza vos deixou mais ricos como seres humanos.
Não consigo dizer mais nada, nem tenho palavras. Parabéns querida Anabela!
Beijinhos grandes
Muito obrigada Isa!!!
EliminarVim de lá diferente, é verdade. E acho que para melhor. Perceber que as nossas limitações e receios depressa se transformam nas maiores das forças faz-nos questionar até onde podemos ir?
Grande, grande beijinho!
Adaptando livremente um excerto do teu texto:
ResponderEliminarLi, li, li, chorei, chorei, chorei. Foi assim ao longo dos quase 8 minutos a ler este texto.
Qualquer dia temos de deixar de ler certos blogues..... ;)
Foi de certeza uma enorme aventura, uma emoção tremenda, uma conquista valorosa, acompanhada de pessoas excelentes, a apoiar-te de perto e também de longe.
Fica uma sensação de superação, de satisfação, de conquista partilhada e orgulho mas também, porque não dizer, um bocadinho de inveja (mas da boa).
Mais aventuras e desafios se esperam!
Foi mesmo, até agora, A Aventura. Com letra grande!
EliminarClaro que faço intenções de abraçar novos desafios, mas este, e por vários motivos, será certamente único e inesquecível.
como já disse: não há amor como o primeiro! :)
Beijinhos e boas corridas para vocês!
Anabela, que lindo e emocionante texto!
ResponderEliminarE que lindas fotos!
Parabéns por esta grande conquista e muito obrigado por nos levares até lá acima contigo.
Beijinhos
Muito obrigada Victor)
EliminarLevei-te a ti e a outras pessoas lá, sim. Acredita... ;)
Beijinhos