Ir ao Estrela Grande Trail (EGT) foi
como ir a casa dos avós fazer aquelas almoçaradas de família ao domingo, onde
se reúne toda a gente: avós, tios, primos…
As caras são quase todas
conhecidas, o ambiente de amizade e convívio é muito saudável e a vontade de
correr em trilhos que já conhecemos é muito grande.
Só o Paul Michel é que foi correr
a prova dos 109km. Como ia dar-lhe apoio decidimos levar os miúdos e acabámos
por fazer um fim de semana em família. Até porque convém que nós, família,
também treinemos a dar este apoio porque em Agosto no UTMB a cena repete-se.
Este ano, como já devem ter
reparado, decidi fazer uma espécie de ano sabático de provas. Vou a muito
poucas (até agora fiz uma prova) mas continuo a treinar. Treino de forma
diferente (mais musculação), mas mantenho a corrida duas a três vezes por
semana.
Voltando ao EGT e à prova. Do que
acompanhei (de Loriga em diante) creio que o Armando Teixeira e a sua equipa
conseguiram fazer um percurso do mais duro que a Serra da Estrela tem. Creio
que não se esqueceram de nenhum trilho técnico nem de nenhuma subida impiedosa.
Havia tudo isto no cardápio do EGT. A juntar o calor extremo que se fez sentir…
Foi a queda dos artistas, literalmente. A meio do dia já não se discutia
lugares no ranking. Já só se falava se este ou aquele desistiu ou continuou. Em
cada abastecimento as baixas eram significativas.
A Serra da Estrela pode ser muito
agreste. A Serra da Estrela é montanha à séria. Vi alguns atletas pouco
preparados para este evento. Uma prova de 50km na Serra da Estrela não é igual
a uma prova de 50km na Serra da Arrábida. Continuamos a ver a “loucura” de
alguns atletas em atirarem-se de cabeça para estas provas sem terem consciência
do que os espera.
Voltando ao EGT e à prova. Os
abastecimentos estavam sempre impecáveis e de boa qualidade. O staff de apoio
sempre disponível e simpático para ajudar. A única coisa que não ajudava era
mesmo o calor tórrido que teimava em “queimar” atletas a cada abastecimento. Vi
que neste prova o staff não está ali apenas a distribuir sólidos ou líquidos.
Falavam com os atletas, dirigiam-se a eles pelo nome, perguntavam se estavam
bem. Vi inclusive pessoas do staff a encher bidons de água aos atletas, a
servir pratos de massa (como se estivéssemos num restaurante), a desatar os
atacadores a atletas já em dificuldade... Eu creio que isto é, de facto, muito
importante. Existem atletas que não têm apoio, que estão sozinhos (ainda mais
mérito têm). Por isso, é sempre importante ajudá-los nalgumas tarefas básicas.
Voltando ao EGT e à prova. O Paul Michel
propôs-se fazer esta prova sem objetivos específicos, apenas concluí-la com
êxito. E foi isso que aconteceu. Estimava terminá-la perto das duas da manhã mas
terminou-a perto das cinco e meia da manhã. Nos últimos 20km disse vários
palavrões muito feios, que os filhos não ouviram porque já dormiam dentro do
carro, e acabou por arranjar um companheiro de viagem nos últimos 10km.
Curioso é ver que nos últimos
quilómetros já ninguém corre sozinho. Ou seja, à medida que a prova avança
começa a surgir grupos de atletas. Começam a surgir as amizades da corrida.
Pessoas que nunca se viram e que, com o objetivo de terminar, juntam-se para se
ajudar mutuamente. É muito engraçado. Nesta prova em particular deu para
perceber muito bem que já quase ninguém cortou a meta sozinho (refiro-me à
malta do pelotão, claro). É curioso ver com que facilidade as pessoas sentem
que precisam de ser ajudadas a continuar, mas ao mesmo tempo também sabem que
podem ajudar o outro.
Voltando ao EGT e à prova. O Paul
Michel foi um dos resistentes. Demorou 23h a percorrer os 109km.
Um percurso feito em família,
numa prova organizada por família.
Muitos parabéns ao Paulo por mais um desafio ganho, este muito quente.
ResponderEliminarQuanto ao que afirmas de pessoal não estar preparado, o trail está "na moda" e alguns pensam que é chegar ali e trás pás. Mas... não é bem assim :)
Beijinhos a ti e um grande abraço ao Paulo
ps - E em força para Agosto! :)
Pois é, João. Como estive a acompanhar a prova quase toda deu para ver aquilo que já sabíamos. Há muita gente sem noção dos desafios a que se propõe.
EliminarHouve uma jovem que se propôs ir aos 50km e que foi barrada a 9km da meta (além de ter ultrapassado o limite da barreira horária estava visivelmente exausta). Enquanto esperava que a viessem buscar dizia que nunca tinha feito nada mais do que uma meia maratona de estrada. E eu perguntei-lhe: "então e decidiste vir aqui à serra da Estrela fazer os 50km??" E ela: "alguma vez tinha de fazer uma maratona!" Eu calei-me...
Beijinho grande!!
Grande Paulo ... resumindo o excelente fim de semana em família.
ResponderEliminarE boa sorte para Agosto, espero que tenham um bocadinho de saudades minhas ;)
Beijinhos
Grande Carlitos!! Saudades tuas vamos ter certamente em Chamonix!! Desta vez, em vez de ti vamos ter os meus dois filhotes. Ainda assim acho que tu és mais difícil de aturar que eles!! LOL
EliminarBeijinho de saudades, sim...
Comboio dos duros!
ResponderEliminarJá o escrevi, malta que faz este percurso demasiado rápido, da Marginal à Loriga, e infelizmente, repito-o.
Não é o vosso caso, por isso, Parabéns.
beijinhos e Abraços
Beijinhos, JNR, e obrigada! ;)
EliminarGrande campeão!!!
ResponderEliminarAliás, grandes campeões! Toda a família! :)
Muitos parabéns ao Paulo! Continua em grande rumo a Chamonix!
Beijinhos grandes
Obrigada Isa! Mais um ano em Chamonix, desta vez só a dar apoio no meu caso. Ainda descubro aqui uma vocação. :))
EliminarBeijinho para ti e para o Vítor
Parabéns,Paulo!!!
ResponderEliminarParabéns para a "Equipe de apoio"!!!
E vamoquevamo!!!
Abraços
Muito obrigada caro amigo!!
EliminarForte abraço!